quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O homem queria matar gatos



Era a primeira vez que ele era chamado ao gabinete do prefeito. Na cadeira em frente a sua, um conhecido vereador e, atrás dele, o assessor, sujeito baixinho, cinza, rosto comprido, parecia uma ratazana magra e mal vivida. Feitas as apresentações, Vicente aguardava o prefeito começar o assunto. Funcionário público de carreira, veterinário, não gostava do prefeito e do vereador e não os respeitava.Entravam e saiam do serviço público ao sabor da política, enquanto ele permaneceria.
Mas o que eles desejavam, não tinha menor idéia. Nunca o haviam chamado. Jamais saíra do controle de pragas onde mantinha a função com algumas raras dedetizações para matar cupins. O assunto não deveria ser sobre infestação de cupins na prefeitura.
Pouco interessava a conversa partidária deles. Esperando encerrar, assentava com um sorriso aqui, outro ali, até que o prefeito pegou sua ficha na mesa para lembrar o seu nome e posto.
- Pois é doutor Vicente, o senhor conhece o nosso vereador, homem do partido, esse homem me ensinou a fazer política - disse o prefeito com um sorriso profissional.
O vereador mexeu a mão como se desdenhasse o elogio e sorriu também profissionalmente.
“Se merecem - pensou Vicente- um elogia o outro, e o outro, elogia o um. Política é isso, a arte de elogiar o próximo e desprezar o distante”.
-Ele trouxe ao gabinete uma solicitação séria de seus eleitores, e preciso de opinião técnica para tomar a atitude correta. Mas prefiro que o nosso vereador historie a situação e, talvez o senhor possa nos ajudar a solucionar o problema.
O assunto era incômodo. Quando a palavra eleitor entrava em campo eles faziam qualquer coisa. O vereador, homem volumoso, boca mole, olhos bem espertos começou a dizer a que viera:
-Trata-se do seguinte, senhor Vicente, tenho recebido inúmeras queixas dos frequentadores do parque da Redenção sobre o excesso de gatos que andam por lá. Mais de mil!
-Mais de mil- repetiu o ratazana, assessor do vereador.
Alguém fizera o censo dos gatos do parque? Ele lembrou de um ecologista que conhecia, que todo final de semana viajava a Cambará do Sul para contar os papagaios da região e voltava denunciando o sumiço de alguns deles. O ecologista inventara um sistema volumétrico capaz de encerrar em uma determinada área, no ar, quantidade suficiente de papagaios em voo, possíveis de serem recenseados. Alguém fizera o mesmo no parque, mas gatos? Quem defendia gatos?
-Mas gatos?Quantos gatos?
-O pessoal cria o gato, fazem gatinhos e não tem onde deixar, larga no parque - explicou o prefeito - e eles começam a incomodar a população, as crianças, querem comida.
-Alguns estão se tornando selvagens - completou o assessor - tem a história duma senhora que foi atacada por eles, e só não foi comida viva, porque um operário que passava a ajudou a se livrar dos gatos.
Ele segurou para não rir. A palavra “gatinhos” na boca do prefeito era uma agressão. Mas por mais ridícula que parecesse a conversa, eles falavam sério, “não se brinca com eleitores”, Vicente quase disse. O vereador deveria ter vários eleitores em torno do Parque, e o prefeito não o chamara para se divertir com o assunto, “gatinhos”.
Ele se voltou para o prefeito, seu chefe, eles poderiam pressionar o prefeito, mas a ele, não.
-Temos que nos livrar dos gatos - disse o prefeito sussurrando como se as paredes da sala o escutassem - respeito os animais, mas respeito também a vida das pessoas. Não precisa fazer relatório, temos que resolver a questão da forma mais simples possível, parece uma situação de saúde pública - falou, olhando para o vereador, o vereador concordou inclinando a cabeça, o assessor fez o mesmo - não vamos chamar a secretaria da saúde para resolver, não precisamos avisar os gansos, temos que resolver de maneira discreta.
“Os gansos, os gatos. A sala estava cheia de animais incômodos e gato não vota”.
-Sim, mas o senhor quer que eu faça?
-Simples, que os tire de lá, sei lá, dê um jeito.
-Mate de preferência!
A frase dita com crueza repercutiu na sala como uma bomba, o prefeito se coçou, o vereador olhou para lado, e o autor da frase, ventríloquo dos dois, a ratazana assessora, manteve a afirmação encarando Vicente. Só poderia estar apoiado, para falar aquilo e não ser contestado, ou seja, era o desejo do prefeito, também, matar os gatos. Sumir com o problema é mais fácil.
Ignorando a afirmação, Vicente dirigiu-se ao prefeito que se levantou para olhar sua mesa.
-Senhor, a minha função não é matar animais, no máximo controle de pragas.
-E como que o senhor chama isso?-guinchou o ventríloquo.
-Vicente, não estou sugerindo que mate os gatos, o Laureano sim, ele estuda a situação desde que surgiram as reclamações no gabinete. E, segundo apurou, retirar os gatos seria muito difícil, pegar um a um, isso chegaria na imprensa e seríamos ridicularizados, dar comida envenenada poderia matar os diversos animais que existem no parque, além do que, os mendigos poderiam pegar essa alimentação, e aí sim, eu teria um problema maior.
-Mas, não entendi, se não se pode remover os gatos, o que podemos fazer?
-Quem falou em matar os gatos foi o Laureano, tenho a curiosidade de saber que alternativa teríamos, por isso o chamei, o senhor é o técnico.
Era isso? Ele queria um tipo de veneno específico para matar apenas gatos, sem afirmar que queria, e não colocar isso em documento público. Obrigava-o a fazer, sem o obrigar formalmente.
-O Laureno está à disposição, o vereador põe a sua infra-estrutura para auxiliar - disse o prefeito apressando a voz e dirigindo-se ao vereador - amigo, sei que o Vicente vai usar o seu talento e inteligência e resolver, agora, me desculpem, tenho outra audiência, estou atrasado, com licença, fiquem a vontade, o gabinete é de vocês.
- “O quê? Ele vai embora e me deixa na mão desses facínoras?”- pensou Vicente.
-Também vou indo - avisou o vereador se levantando, assim que o prefeito saiu - foi um prazer. O senhor fala com o Laureano, ele tem estudado o comportamento deles, com exaustão. Certamente lhe ajudará, podem ficar aqui, também tenho de laçar alguns eleitores – disse ele com um sorriso irônico e saiu na mesma velocidade do prefeito, batendo a porta do gabinete.
Os movimentos haviam sido coreografados, antes - percebeu Vicente. Nenhum dos dois poderia ser responsabilizados. Ou seja, a responsabilidade agora era dele. Isso é, se ele resolvesse assumir a responsabilidade. Ás vezes, uma única sujeição consegue estragar tudo de valor que fizer em sua vida. Ele,também, sairia tão rápido dali que o problema voltaria para os braços do cara de rato. Mas havia outra porta, iria aos jornais denunciar aqueles marginais. Não, essa não. Tinha apenas aquela conversa informal e se não fosse ele, arranjariam outro. Ele precisava saber mais e, então, os denunciaria. Iria acompanhar aquela ratazana e depois avisaria “todos os gansos”.
A ratazana começou a falar imediatamente:
-O senhor não acreditou quando disse que uma senhora foi atacada lá, não é?
Vicente nem se deu o trabalho de responder, mexeu a cabeça concordando.
-Pois é verdade. Acontece que tem um sujeito lá que controla os gatos, o pessoal do parque o chama de o Homem Gato. É um mendigo, ele pediu esmola pra mulher, ela não deu e ainda disse uns desaforos pra ele. Pois, logo em seguida, os gatos a atacaram e quase a mataram de susto.
Naquele momento Vicente fez um rápido balanço de sua vida, lembrou o que fizera e o que deixara de fazer para chegar ali, e ficar ouvindo um sujeitinho, do terceiro escalão querendo lhe obrigar a matar os gatos de um parque. Um rato magro e feio, não poderia gostar de gatos.
-Ele governa os gatos, eles tomam conta do parque para ele, ele sabe tudo que acontece lá, dizem que ele conversa com os gatos - informou o assessor baixando o tom de voz para que o Homem Gatos não o escutasse.
Vicente, sorriu com aquela conversa insana, olhou o relógio, finalmente, quase na hora do final do expediente, ele tinha uma boa desculpa pra se livrar do Mickey.
-Seu Laureano, sei, o problema é grave, o prefeito falou, o assunto está em minhas mãos.
-Nossas mãos – completou, com o rosto cinza peludo, congestionado pelo valor da missão.
-Isso, nossas mãos, mas, o senhor vê, o horário, hoje, está no final, podemos marcar para amanhã uma visita ao parque. Analiso a situação e penso numa forma de solucionar.
-O melhor é agora, de noite, é a hora que eles começam a sair das tocas-insistiu.
-Amanhã, seu Laureano, às nove horas, da manhã, nos encontramos no parque, está bem?
Desapontado, o outro foi obrigado a concordar.
-Então, até amanhã – disse Vicente saindo, sem dar tempo ao outro retrucar.
-Onde nos encontramos?-ele perguntou.
-Ligue na primeira hora da manhã e marcamos – respondeu, indo em direção as escadas.


Às nove horas ele chegou ao parque e encontrou o Homem Rato na frente do corredor central, com um jornal embaixo do braço. Vicente querendo se ver livre logo, perguntou ridicularizando o outro:
-Aonde vamos? Na toca do Homem Gato?
-O senhor ainda acha que estou brincando, não é mesmo? Pois bem, está vendo todos esses bancos no parque? Escolha um, qualquer um, pegue parte do meu jornal e vamos sentar para ler.
A proposta era insólita, mas a situação toda era insólita.
-Vamos lá, pode ser naquele banco, na sombra, ali adiante.
-Como o senhor quiser, vamos ler o jornal, que parte o senhor quer?
-Pode ser o caderno de esportes.
-Tome aqui está! Vamos sentar.
Vicente começou a ler, em poucos minutos, distraído, acabou esquecendo o que tinha ido fazer lá, quando sentiu o cotovelo do outro batendo no seu braço. Ele olhou para o assessor, o homem mexia a cabeça sinalizando para ele olhar em frente.
Vicente olhou, um gato atravessava o vão central do parque na direção deles.
-Viu só, não disse? Lá vem um deles, esse toma conta desse trecho - disse o homem sussurrando - continue lendo, como se não o tivesse visto.
Sem dar importância ao que ele dizia, Vicente voltou para o jornal e continuou lendo, não demorou alguns instantes sentiu algo roçando sua perna, olhou, e lá estava o gato ronronando, era um gato cinza com manchas brancas na barriga e parecia bem alimentado, tinha os olhos amarelos. Vicente olhou para o assessor e esse, ansioso, alternava os olhos para ele e para o gato. A esfregação durou alguns instantes, a seguir ele saiu do meio das pernas dele, olhou para assessor e para Vicente, deu um miado e foi embora trotando, atravessou o parque e sumiu no meio das árvores.
-Ele agora foi avisar os outros, quem é o senhor, e o que quer aqui.
Dessa vez Vicente não segurou o riso. Abriram a porta do hospício e deixaram vários loucos a solta, inclusive aquele ao seu lado. A idéia toda era muito engraçada, uma rede de gatos informando uns aos outros, sobre as pessoas que frequentavam o parque. Tentou imaginar que conversa teriam sobre os visitantes. Miando entre si. Trocando miados. Mas ele não tinha interesse no que os gatos poderiam estar comentando a seu repeito.
-Ele não veio em mim porque já me conhece, sabe o que eu quero aqui, não lhe disse que era verdade? O senhor ainda duvida? Pode fazer o teste, vamos sentar mais pra lá e vai aparecer outro gato, o que toma conta daquele lado lá, se ele já sabe do senhor, nem vem.
Se não aparecesse outro, era porque ele já era conhecido dos bichanos. Sim! Isso justificaria a ausência de um próximo gato. Vicente pensou que não falava aquele assunto, àquela hora da manhã, o homem era insano e sendo levado a sério. Apenas aquele gato viera na direção deles.
-Os gatos têm percepção extra-sensorial, os egípcios os usavam em suas cerimônias para saber quando um bom ou mau espírito se aproximava, eles tinham até uma deusa gata, chamada Bastet. Eles gostavam tanto de seus gatos que quando morriam mandavam embalsamar para ajudá-los e protegê-los no outro mundo. Não são animais agressivos se bem tratados, alimentados, soltos na selva voltam a serem caçadores, como aqui, é sobrevivência. Os que vivem aqui voltaram a ser gatos selvagens, com uma vantagem sobre nós, conhecem nossos costumes e maneira de agir. Pra mim, a única saída é matar, fazer uma cova grande e enterrar, controlando a população no parque, daqui a pouco ninguém mais entra aqui. Eles tomaram conta. Esse parque é deles!
- É sua opinião! Vi um gato dos mil que o senhor falou - retrucou Vicente irritado.
-É difícil acreditar pra quem não sabe como eles agem, mas estou preparando uma surpresa pra eles - disse o assessor apontando para as árvores como se os gatos estivessem lá, escutando - e, uma surpresa para quem não acredita, não imagina como fica isso aqui de noite, depois das oito da noite, a quantidade de gatos que passam para lá e para cá, nesse horário, eles começam a festa!
-Sim - disse Vicente - disposto a esquecer assunto, voltar para sua sala, cumprir o horário, lendo o seu jornal – está certo, o senhor consegue mais provas e encontramos a maneira de convencer o prefeito a exterminar os gatos, por enquanto, o que vi nem é suficiente para um laudo - concluiu, entregando o caderno de esportes. Nova decepção no rosto do outro. Que ficasse decepcionado várias vezes, ele não iria a exterminar nada! No máximo, uma infestação de cupins, mas gatos? Mesmo que o prefeito o transferisse para um posto sanitário junto a um lixão para examinar a frequência dos urubus no local, não faria, e menos ainda seguindo orientações de um maluco de terceiro escalão, pára-quedista na função pública com cara de rato e que odiava gatos.
-Seu Laureano vou indo, até outra ocasião- disse Vicente levantando e apertando molemente a mão do assessor,depois, deu as costas saiu na direção à garagem onde estacionara o carro.


No outro dia, às sete da manhã quando terminava de fazer a barba do lado direito do rosto, o telefone tocou e a mulher atendeu. Um segundo depois ela estava alterada na porta do banheiro.
-O prefeito no telefone! Quer falar, agora, com você.
-O quê?
- Está lá, no telefone.
Ele passou a tolha para enxugar o lado barbeado do rosto e foi para o telefone com o outro lado coberto de espuma.
-Sim, senhor?
-Por favor, doutor Vicente, venha no meu gabinete urgente, agora, saia de casa e venha aqui!
-Em quinze minutos, senhor.
-Dez, esteja aqui, em dez minutos.
-Está bem - ele respondeu - e outro bateu o telefone.
A mulher surpresa, esperava explicação - o que ele quer contigo?
-Me transferir para um posto sanitário junto de um lixão para contar os urubus que pousam lá - disse ele brincando, esperando a queixa do prefeito pela pouca atenção que dera ao assunto, mas que ele não iria recomendar a morte dos gatos não iria, fosse de um ou de mil.

Ele correu para estar em menos de quinze minutos no gabinete, quando entrou porta adentro, suando, o vereador estava lá, com a cara amarrada. Queixa na certa!
-Sente-se, senhor Vicente.
O tom de voz não era bom. Ele começou contar urubus, havia o urubu cabeça amarela, o urubu rei, o cabeça vermelha, o urubu preto...Todos gostam de carniça e de um belo lixão.
Iria receber um puxão de orelhas pela pouca atenção que dera ao assessor.
-O senhor sabe o que aconteceu?
“Desde que falamos antes de ontem, o mundo deu duas voltas , e nesse período várias coisas acontecem, mas ao que o senhor se refere, especificamente?”
-Mataram o senhor Laureano. Essa madrugada.
-O quê? Mas, como, onde? Por quê?- ele esperava uma advertência, mas não aquela notícia.
-No parque - completou o vereador- acharam o corpo dele, às cinco horas da manhã de hoje quando começa ao policiamento. Estava destroçado, como ficou com documentos me avisaram. É isso! Daqui a pouco vou ser chamado a dar explicações, a mulher dele disse que ele estava a meu serviço filmando os gatos do parque, não demora a imprensa está atrás de mim, concluiu, olhando para o prefeito, numa clara indicação que sobraria para ele também alguns pêlos de gato.
-Ele tem duas alternativas - reagiu imediatamente o prefeito - se assumir, que o sujeito...
“Agora, era o sujeito! O assessor não tinha mais nome. Que dupla de sem vergonhas!”
-estava a serviço, vai ter que explicar qual o serviço! A explicação não funciona, além de ter que pagar indenização, corre risco de processo, etc., a outra, é dizer que não sabia nada, que o Laureano tinha comportamento estranho e deve ter dado essa desculpa pra mulher, que ia trabalhar filmando os gatos do parque, coisa que ninguém vai levar a sério, o homem nem cineasta amador era - terminou o prefeito sorrindo, afastando qualquer relação com a situação.
“Sim, mas se vocês já sabem o que vão fazer, porque me chamaram?”.
-Precisamos saber o que ele lhe disse, ontem?- perguntou o vereador.
“Eles não queriam deixar buracos, tocas, no assunto, essa era a razão estar ali. Não estavam preocupados com a estranha morte do assessor, queriam se safar da situação”.
-Nada de consistente - disse Vicente lembrando o cara triste de rato - preparava uma surpresa para provar que o problema dos gatos era verdadeiro. Não me disse que surpresa era.
-Então foi isso, ele resolveu filmar de noite, como disse a mulher, e alguém o pegou, roubou a filmadora, não encontraram nada com ele, nem dinheiro, só os documentos. Latrocínio. Não o mandei fazer isso, não tenho nada com isso, ele fez por que quis - observou o vereador, aborrecido
-Pra mim, o assunto encerrou - disse o prefeito, pulando fora da situação - meu mandato acaba em dois anos, se o próximo prefeito quiser mexer nisso... Eu até tenho um gato em casa, e aconselho ao vereador sugerir aos queixosos, no gabinete, que matem eles mesmos os gatos do parque. Se o assunto aparecer outra vez aqui, chamo toda a secretaria de saúde e mando interditar o Parque até descobrir que tipo de vírus atacaram os gatos. Só de imaginar que os gatos estão contaminados com vírus dos gansos ou dos macacos,dos pombos, eles autorizam o extermínio deles em massa, e a população agradece. E, acabamos com o problema. Por enquanto, vou deixar assim, para ver como fica. Ainda mais com a morte desse idiota, agora! Era isso, senhor Vicente, obrigado pela ajuda, está dispensado, tenho uma audiência em seguida, feche a porta quando sair vou trocar algumas palavras com o nosso vereador, ele me ensinou tudo de política...
Sem ficar surpreso com a rapidez que o assunto fora tratado, e o desprezo deles pela morte do assessor, agora sem nome, Vicente levantou da cadeira e estendeu a mão para se despedir.

As feições deles haviam mudado, estavam contentes, os sorrisos profissionais haviam voltado. Ele não representava ameaça. A situação controlada, ele não iria falar nada, não sabia o que assessor fazia no parque de noite.

Mas Vicente sabia de um gato, que ele conhecera no parque. E, que o homem que queria matá-los poderia ter razão sobre o que acontecia lá. Naquele momento ele decidiu que não iria para o trabalho, sairia dali e rumaria até o parque e, lá se o falecido assessor estivesse certo, algum gato o iria procurar. E, em memória do morto, iria fazer o contrário que ele queria fazer. Em vez de matar gatos, iria salvá-los.
Ele iria avisar aquele gato, para avisar aos outros gatos que eles corriam perigo, que seria melhor para a segurança deles, que se dividissem em vários parques da cidade, antes que fossem todos exterminados.

E, Vicente começou a suspeitar também, que naquela noite, haveria uma assembleia de gatos sob a coordenação do Homem Gato, no parque, da qual não participaria, mas seria bem - vindo.

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